domingo, 21 de agosto de 2011

Era uma vez o jornalismo...


"Era uma vez o jornalismo..." Uma frase para ser lida duas vezes. Nela, os sentidos antagônicos de "início" e "fim" se completam. A partir de 2005, alguns jornais começavam a transição - que ainda está em curso seis anos depois - entre as notícias do ontem (factuais e cada vez mais envelhecidas com a popularização da internet e das tecnologiais móveis)e as narrativas que passavam a desviar o foco dos fatos para as pessoas. Os personagens e as grandes histórias ganharam espaço nas páginas dos jornais. A velha e quase matemática fórmula do lide (quem diria?) foi deixada de lado pela essência do que se chegou a rotular como jornalismo literário. O jornalismo do "era uma vez...".

Talvez (pelo menos, para mim) o marco zero deste processo no estado tenha sido o especial "As veias abertas do Recife", publicado pelo Diario de Pernambuco entre os dias 11 e 18 de dezembro de 2005 e vencedor do Grande Prêmio Caixa de Jornalismo em 2006. Uma pesquisa do PNAD que detalhava as condições sociais da cidade ganhou vida em textos escritos por André Duarte, Paulo Goethe, Sérgio Miguel Buarque e por mim. Números viraram histórias. Estatísticas se transformaram em pessoas.

Este é o link para ler o primeiro dia do especial: http://www.pernambuco.com/diario/2005/12/11/especial.asp

Se alguém ficar interessado em ler os dias seguintes, é só ir mudando a data no link. Lembrando que é o design do site em 2005.
Nos próximos posts, vou resgatar alguns dos personagens que conheci em um Recife que antes era invisível para mim.




2 comentários:

Maurício Penedo disse...

Infelizmente é só para assinantes. Como jornalismo e história sempre estiveram ligados, você acha que houve alguma ligação com a mudança que a Historiografia apregoou (bem mais cedo, é verdade) ao falar da chamada "História das Mentalidades"? Onde o feito heróico e a exaltação ao herói, ao símbolo, perdeu força frente ao povo, frente a quem faz, de fato, História?

Fred Figueiroa disse...

Nunca tinha analisado esta relação. Até mesmo, por não ter base de conhecimento suficiente para isso. Precisaria de mais base para dar uma opinião sólida.No entanto, a mudança de foco do jornalismo, logicamente, acompanha a transformação da sociedade e a evolução da história. Não teria como ser diferente. Agora, a "exaltação ao herói" continua ramificada no jornalismo atual em diversas áreas. No esporte, fundamentalmente. Na política, a criação da imagem superestimada do presidente Lula tem raízes que podem ser ligadas a exaltação do feito heróico. Bom questionamento. Assim, o blog vai ficando mais interessante.