segunda-feira, 28 de novembro de 2011

CAPA - Um ano em 12 páginas

Entre os dias 13 de janeiro e 26 de novembro - justamente o quanto durou a temporada 2011 para o futebol pernambucano - o Diario publicou 37 capas com manchetes direcionadas para Santa Cruz, Náutico e Sport.

Apenas uma delas foi dedicada aos três clubes. E, não por coincidência, foi a capa de "abertura" do Campeonato Estadual. Para montar a primeira edição esportiva do ano, era preciso captar a essência do Pernambucano 2011. Seria uma QUESTÃO DE HONRA para o Sport conquistar o hexa, para o Náutico defendê-lo e para o Santa Cruz mostrar que não estava condenado a ser um coadjuvante dentro do próprio estado.

A retrospectiva comprova que o Santa Cruz foi o time com mais espaço editorial na 1ª página do Diario em 2011. Apareceu em 17 capas, sendo 12 delas inteiramente dedicadas ao clube e outras cinco dividindo o espaço com um dos rivais.

A capa que resume a mudança de foco na cobertura jornalística foi a do dia 28 de janeiro. Depois de seis vitórias em seis jogos, estava claro que havia algo de diferente no clube tricolor. Nos últimos anos, era uma imagem comum nas páginas dos jornais as fotos de torcedores do Santa Cruz chorando, abatidos ou revoltados na arquibancada do Arruda. Mas esta cena não se repetia em 2011. Pelo contrário.

Distribuição das capas:

TOTAL:
37 capas
Edição do dia seguinte à primeira partida da final do Pernambucano: Sport 0x2 Santa Cruz.

Santa Cruz - 12 (+ 5 divididas com um rival)
Náutico - 6 (+ 8 divididas)
Sport - 2 (+ 9 divididas)


NO ESTADUAL:
23 capas
Esta edição foi depois do primeiro clássico do ano, mas serviria para resumir a temporada do Náutico. O estádio dos Aflitos foi uma das principais armas do clube para garantir o retorno à Série A.

Santa Cruz - 7
Náutico - 4
Sport - 0


Divididas: 8 (3 para Santa/Sport; 2 para Santa/Náutico; 2 para Náutico/Sport)

A obsessão do hexa para Sport e Náutico era o foco natural do PE2011. Por isso, as partidas das semifinais tiveram um tratamento de decisão de título nas páginas do Diario. O detalhe é que a classificação rubro-negra acabou sendo derrubada da manchete quase na madrugada, com a morte de Osama bin Laden. Assim, escolhi esta capa para representar os seis Clássicos dos Clássicos da temporada.

Esta capa, na minha opinião, é uma das melhores do ano - sobretudo pelas excelentes fotos de Helder Tavares. O detalhe é que ela foi publicada um dia antes da final (no sábado) e acabou ficando superior em praticamente todos os aspectos em relação a página que saiu no domingo da decisão. No final da noite de sexta-feira, na redação, ainda pensamos em fazer a troca...tarde demais. Entre a ideia original e a realização nem sempre tudo funciona. Foi mais ou menos o que aconteceu com a capa da grande final do Estadual, que coloco logo abaixo:

Caso Eduardo Ramos - 2


O fato mais lamentável do futebol estadual em 2011 ganhou duas capas do Diario. A primeira ainda com a denúncia quente do presidente do Náutico, Berillo Júnior, revelando ter provas de uma tentativa de suborno do Sport envolvendo o meia Eduardo Ramos. No dia seguinte, a "bomba" começou a perder força e o foco foi rapidamente invertido. No fim da temporada, o dirigente alvirrubro acabou sendo punido pelo episódio.

SÉRIE D
5 capas
A explicação para este "domínio" tricolor tem dois motivos muito claros. O primeiro, lógico, foi a campanha surpreendente e o título estadual. É absolutamente natural que o campeão do ano tenha mais espaço do que os seus rivais. A segunda razão passa diretamente pelo dia dos jogos da Série D e pela logística dos jornais. Como só o Santa Cruz jogou aos domingos a partir de maio, era inevitável que se tornasse um dos assuntos principais da segunda-feira - dia em que tradicionalmente o jornalismo esportivo ganha mais espaço. Em contrapartida, o fato de Náutico e Sport jogarem aos sábados praticamente inviabiliza uma manchete no dia seguinte. A 2ª edição do domingo, na maioria dos casos, é exclusiva para assinantes. Por isso não é necessário fazer uma mudança radical na concepção da capa. Apenas na última rodada da Série B, a indefinição criada em torno do acesso do Sport praticamente obrigava uma 2ª edição do jornal de domingo não apenas para assinantes, mas também para ser comercializada nas ruas.

SÉRIE B
8 capas
Os jogadores comemoraram, a torcida comemorou e até o sempre contido técnico Waldemar Lemos cedeu a festa que se espalhou pelo estádio dos Aflitos pelo praticamente certo acesso do Náutico à Série A do Brasileiro depois da vitória sobre o Barueri. Mas ainda faltavam dois pontos para os alvirrubros garantirem de uma vez por todas a vaga. Na matemática, a chance do clube não subir era inferior a 1%. A foto de Waldemar sendo carregado pelos jogadores (da autoria de Ricardo Fernandes)já era uma imagem forte o suficiente para deixar claro que o Náutico havia subido. Mas do título de um post no blog de Cassio Zirpoli ("Aos matemáticos, o Náutico subiu") acabou saindo a definição da manchete.

Náutico - 2
Sport - 2
Divididos: 4


A primeira capa dedicada ao Sport no ano foi publicada no dia 26 de novembro, data cabalística da última rodada da Série B. Só este fato já representa o que foi o ano rubro-negro. Quase nada que merecesse uma manchete. E a edição do dia do decisivo jogo contra o Vila Nova acabou resumindo toda a temporada. As derrotas, as provocações, a revolta da torcida...e também o renascimento no apagar das luzes, com as vitórias em sequência e a incrível cena da invasão no Aeroporto Internacional dos Guararapes, três dias antes. Minha primeira ideia era "Quem vai rir por último?". Acabou não sendo muito bem recebida. A 2ª opção, mais direta e definitiva, acabou sendo a escolhida. Um ano em 90 minutos. Assim foi 2011 para o Sport.

***Não sei se alguém teve paciência para chegar até aqui, já que este post extrapolou todos os padrões atuais. Tudo o que ultrapassa 140 caracteres parece exagero. Mas, acreditem, tentei realmente resumir ao máximo o ano. Como este é um blog pessoal, optei por publicar as capas em que trabalhei direta ou, pelo menos, indiretamente (com um pitaco ali ou aqui) - já que, nos meus plantões aos domingos, não assumo a função de editor da 1ª página e fico com o caderno Superesportes. E - como já escrevi em postagens anteriores sobre as capas do Diario - a edição final é sempre resultado de um processo que passa por muita gente. Uma espécie de filtro de visões e opiniões diferentes que, no final das contas, vão se completando.

No calendário do futebol pernambucano, 2011 já terminou. Feliz ano novo, então.